Fabricantes de Máquinas Têxteis estão apostando no Brasil.

Mesmo com as notícias sobre a crise na economia brasileira, empresas internacionais fabricantes de máquinas e tecnologias têxteis estão apostando no mercado brasileiro. Prova disso são as 800 marcas que estiveram presentes na Maquintex, realizada em agosto em Fortaleza, e as 2 mil marcas já confirmadas para a Febratex, em agosto de 2016 em Blumenau. A Abit (Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção) entrevistou Helvio Roberto Pompeo Madeira, presidente da FCEM - promotora que realiza as quatro únicas Feiras de Máquinas têxteis no Brasil, e falou sobre as feiras têxteis e o mercado nacional.

ABIT – Qual a complexidade de montar uma feira como a Maquintex?

Pompeo – A logística é muito cara para as empresas expositoras e para nós também, promotores, que temos que garantir que toda a infraestrutura de acesso, energia, ar comprimido, climatização, segurança e água estarão disponíveis para a instalação e para as máquinas funcionarem durante o evento, sem imprevistos. Temos máquinas da Comelz, por exemplo, que chegam a pesar 7 a 8 toneladas. Equipamentos como teares retilíneos e bordadeiras que também são enormes e de complexa montagem. Há máquinas que necessitam de 70 kVA de energia, que é quase a demanda de um prédio de dez andares. As empresas gastam com transporte e hotel para equipes técnicas que chegam quatro dias antes para começar a montar as máquinas e vão embora até dois dias depois que a feira já acabou. É uma logística cara.

ABIT – Como profissionais podem aproveitar melhor uma feira com tanta informação tecnológica?

Pompeo - É preciso considerar, antes, que o Brasil é continental e a cultura muda de norte a sul. Nas feiras do sul, as pessoas se preparam e se informam. A própria Abit está fazendo workshops pré-feiras internacionais para orientar os visitantes brasileiros. Acho que a Abit poderia também realizar pré-eventos nos polos têxteis do Nordeste. Outra forma das pessoas aproveitarem melhor, seria uma atitude mais divulgadora das próprias empresas expositoras. Nesta edição da Maquintex, por exemplo, somente 50% dos expositores enviaram seus lançamentos para que a gente pudesse divulgar. Temos um mailing de 67 mil profissionais e empresários que visitam nossas feiras e que têm poder de decisão. Contudo, principalmente os representantes de multinacionais aqui no Brasil, não aproveitam essa ferramenta de marketing e informação que estamos disponibilizando.

Realmente, não é fácil visitar sem orientação uma feira de máquinas. Grandes empresários já estão acostumados com feiras muito maiores no exterior, mas pequenos ainda ficam receosos. Lembro que, em 2007, quando começamos a Maquintex no Ceará, pequenos e médios empresários, às vezes ficavam rondando o estande e não colocavam o pé lá dentro, durante um ou dois dias e, somente no terceiro dia é que tomavam coragem e entravam. Isso acontece ainda hoje. São barreiras que faz o visitante perder tempo e não aproveitar com qualidade o evento. Workshops pré-feira poderiam acontecer em todos os nossos eventos. Nos anos pares, em agosto, realizamos a Febratex em Blumenau, cuja próxima edição em 2016 já está completamente vendida e levaremos 2 mil marcas. Também promovemos o Agreste Tex em Pernambuco. Nos anos ímpares, nos mês de abril, realizamos a Tecnotêxtil em São Paulo e em outubro a Maquintex , Signs e Femic, em Fortaleza, que já reservei mais um pavilhão, pois estou apostando na recuperação da economia.

ABIT - As notícias macroeconômicas não assustaram os expositores?

Pompeo - Os expositores estavam receosos sim quanto à visitação, devido às notícias do Brasil que correm rapidamente pelo mundo. Mas, tivemos uma ótima visitação e nos surpreendeu o volume de negócios. Isso prova que o setor está enxergando um futuro melhor, apostando nisso. Vi empresários de Caruaru comprando dezenas de lavadoras que utilizam ozônio, em vez de água, buscando soluções para crise hídrica e investindo na produção. Queria parabenizar o presidente da Abit, Rafael Cervone, quando ele disse, na reunião da entidade que foi realizada na Maquintex, que a Abit estava vindo para cá, indo ao encontro dos profissionais e empresários da Região. Me senti lisonjeado e orgulhoso em fazer parte de uma associação que pensa nacionalmente, alinha as posições e busca união. Em tempos de crise, temos que tirar o “s” (crie).

Fonte: www.abit.org.br